Intermediários

Processos, ferramentas e ambientes para objetivos subjetivos

O que é invisível a nós? Que coisas escapam aos cinco sentidos, que estão presentes mas não podem ser definidas? Ou seria a pergunta, o que é o invisível?

Um objeto é comum. Porém quando é portador de um poder, o que passa a ser? Um talismã, uma arma, um instrumento? O poder transforma o objeto em um veículo, uma ferramenta que permite ao seu operador realizar o objetivo proposto. Igualmente, uma área quando designada e delimitada passa a ser o espaço que possibilita o acontecimento do objetivo proposto. E interessam também os espaços de fronteiras pouco definidas, como são os espaços emocionais e espirituais, da mesma forma os dos sonhos e os das fantasias. Espaços estes que são abstratos e impalpáveis, que se permeiam e se confundem entre si, onde entramos e de onde saímos constantemente sem nos dar conta.

Os objetos-espaços atuam entre o físico, o psicológico, o emocional e o invisível. São intermediários e como tal passam a depositários de possibilidades, poderes e anseios. Pontuam o silêncio. São ações poéticas que existem no vazio entre as continuidades.

Rodrigo Cardoso, 2006



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

De carro na contra-mão do dia mundial sem carro.

Minha bicicleta amanheceu com o pneu murcho só me deixando a alternativa de ir de carro para a praia. Taí uma coisa que me deixa constrangido: em pleno dia mundial sem carro, tirar o carro da garagem só pra fazer um deslocamento de aproximadamente 5 Km. Aliás, segundo uma pesquisa que li há um tempo, a média dos deslocamentos de carro no Rio não passa disso mesmo. E o pior, levando uma pessoa e meia numa velocidade média de 40Km/h. Um absurdo! Queimar litros de gasolina pra andar tão pouco, numa velocidade ridícula, deslocando mais aço e plástico do que gente... Tudo bem, no meu caso isso não é regra, é exceção.
Visto que o Candido não apareceu, resolvi ir pra Urca, onde está meu caiaque individual, em vez de ir para a Praia Vermelha. Além disso, na PV as vagas são disputadíssimas, e pela hora teria dificuldade para estacionar.

A bola de fogo do sol já estava inteira sobre os morros de Niterói quando passei pelo aterro. Precisava me apressar se não quisesse perder a companhia dos canoistas da Urca. Felizmente, Bruno e Marquinhos ainda estavam tirando as tralhas do carro quando cheguei. O Gustavo também estava na praia pensando em sair sozinho no seu duplo, então decidi ir com ele em vez de sair de individual. Pouco depois chegou o Pedro, aluno do Bruno. Uma OC6 também já estava na beira d'água quase pronta pra zarpar com 6 remadores do Urca Va'a, tendo o Paulo Cordeiro no leme. Bela manhã repleta de remadores felizes e bem dispostos.

Parti com o Gustavo em direção à Praia Vermelha enquanto Bruno, Marquinos e Pedro acabavam de se aprontar para seguir na mesma direção em duas caiarcas duplas. O mar estava tranquilo e sem lixo na superfície. Faz um tempo que não vejo a imundice habitual. Digo que não vejo, porque todos sabemos que as águas do litoral do Rio estão super poluídas por esgoto. É desolador pensar que os emissários da Barra, de Ipanema e de Icaraí despejam todo dia milhares de litros de esgoto no mar sem nenhum tratamento. Não quero desanimar ninguém, mas a verdade é que remamos num caldo de merda. O que os olhos não veem o coração não sente...

Na passagem pela Ponta de São João as ondas se debruçavam sobre as rochas num vai-e-vem contínuo. Água mole em pedra dura, tanto bate até que...jura. Juras de amor eterno do mar pelas pedras, das pedras pelo mar. A maré de pouca amplitude não ajudava nem atrapalhava o seguimento. Remamos sem dificuldade, curtindo o remelexo das ondas até o desembarque na PV para regular os finca-pés. Esse trajeto de mais ou menos 5 Km foi feito em 33 minutos, já contabilizadas as curtas pausas para fotos. No cavalete da PV dei falta da Abaeté. - Hum... Letícia deve estar remando pelas beiradas do Posto 6 com mais alguém. 

Entramos novamente no mar tomando cuidado com as ondas que quebravam sem muita força, mas que diziam pra tomar cuidado, afinal qualquer distração pode se transformar num acidente por alí. Cruzamos com as duas caiarcas  perto da laje e seguimos pra boca da barra. Roçamos o costão do Pão de Açúcar e logo adiante vimos duas OC1 paradas em frente ao Forte São José. Quando nos aproximamos reconhecemos Iuri e Alê que já retornavam pra PU. Caraca, como tem gente na linha d'agua hoje!

Eu e Gustavo ainda tentamos sem êxito surfar as pequenas ondulações perto da Coruja. Em alguns minutos estávamos na praia e logo iniciamos os preparativos para ir embora encarar mais um dia de trabalho. Nisso chegou o Tonho que apesar do atraso não desistiu de remar. A ultima imagem que vi foi do Ulmo na beira quase pronto pra passear.

Antes de irmos embora confirmamos o encontro de sábado. A ideia é tomar um capuccino e dar uma limpada na prainha da Ponta de Jurujuba, afinal será dia de Clean Up e não podemos deixar de dar uma força. O Rio agradece.

Ah! Antes que eu me esqueça: se você é um daqueles que gosta de andar de bicicleta por lazer ou como meio de transporte, entre nesse site http://www.ta.org.br/. Está cheio de dicas para ciclistas, cadeirantes, skatistas, patinadores e demais usuários de veículos a propulsão humana. 

Um comentário:

  1. Inspiradíssimo!
    Querido Comandante, a culpa é tal qual o mar de bosta em que remamos. Pesada! Também fui nadar de carro no dia mundial sem automóvel! Não era eu quem navegava com Abaeté, mas meu sócio Chicó! Mas liberte-se, você é um dos caras mais conscientes que já conheci e nem sabia que você tinha carro. Aliás, nunca vi teu carro! :) Te vejo no sábado limpando as praias e tomando um capuchino! Beijão

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