Intermediários

Processos, ferramentas e ambientes para objetivos subjetivos

O que é invisível a nós? Que coisas escapam aos cinco sentidos, que estão presentes mas não podem ser definidas? Ou seria a pergunta, o que é o invisível?

Um objeto é comum. Porém quando é portador de um poder, o que passa a ser? Um talismã, uma arma, um instrumento? O poder transforma o objeto em um veículo, uma ferramenta que permite ao seu operador realizar o objetivo proposto. Igualmente, uma área quando designada e delimitada passa a ser o espaço que possibilita o acontecimento do objetivo proposto. E interessam também os espaços de fronteiras pouco definidas, como são os espaços emocionais e espirituais, da mesma forma os dos sonhos e os das fantasias. Espaços estes que são abstratos e impalpáveis, que se permeiam e se confundem entre si, onde entramos e de onde saímos constantemente sem nos dar conta.

Os objetos-espaços atuam entre o físico, o psicológico, o emocional e o invisível. São intermediários e como tal passam a depositários de possibilidades, poderes e anseios. Pontuam o silêncio. São ações poéticas que existem no vazio entre as continuidades.

Rodrigo Cardoso, 2006



domingo, 20 de novembro de 2011

Piratininga com ondas

Acordei com uma preguiça danada, mas compromisso é compromisso, não podia deixar a rapaziada esperando. Bebi uma xícara de café, coloquei saia, cabo de reboque, máquina fotográfica, água e uma muda de roupa na mochila e montei na velha magrela. 
Dia nublado. A previsão do  windiguru falava de ventos de leste virando para sudeste com velocidade de 5 nós e de ondas de um metro vindas de Sudeste. Pensei em ir até Itaipu prestigiar a última etapa do estadual de canoas havaianas organizada pelo Mauna Loa, só que o tempo seria curto pra fazer os mais de 20 km do percurso ida e volta. Melhor ir só até Piratininga.
A base ainda fedia a creolina. Só um casal de mendigos na mureta do cassino ainda resistia ao cheiro. Partimos eu, Daniel, Edu, Spock e Ana, cruzando a boca da barra em direção à Ilha Madalena. Por mais que possa ser familiar essa travesia, sempre me inspira imaginar a aventura diária dos indios que viviam às margens da baía, tirando dela seu sustento.
Quando chegamos na prainha de maré perto da praia Brava de Piratininga vimos que o desembarque não seria totalmente pacífico. As ondas estouravam na areia e uma outra formação vinha da direita depois de refletir nas pedras.

Esperei um pouco e desembarquei sem percalços. Edu veio depois e foi varrido por uma onda lateral, capotando já na beira. Em seguida vieram Ana e Spock. Também viraram na aterragem meio catastrófica. O caiaque ficou ao sabor das ondas se arrastando pesado na areia. Depois de um tempo lutando conseguimos tirar a água e levar o bicho pra longe da arrebentação. Daniel chegou tranquilo, escolheu um bom momento e aterrou sem dificuldade.
Passamos uma horinha na praia pra descansar, comer, fazer umas fotos e preparar o retorno. O Sol bem que tentou se insinuar entre as nuvens sem força pra se estabelecer. Uma chuva fina também deu as caras mas sumiu em pouco tempo. Ficamos mesmo com as nuvens e um certo frio.
A saída para o mar foi fácil. Cada um passou pelas ondas com estilo próprio e logo estávamos voltando pra Urca com as ondas dando uma força. O vento, aquele que devia vir de leste ou sudeste, vinha mesmo de noroeste, ou seja, o oposto do que dizia a previsão. Mas era suave, não atrapalhou nada. Em uma hora e dez colocamos os pés na Urca.
O tempo remando passa de forma estranha. Só dá pra diferenciar os minutos das horas olhando o relógio. Nos primeiros minutos sinto os braços pesados, depois os músculos vão soltando e os pensamentos voam pra longe. Me dou conta do transe em que me encontro só quando uma onda bate no casco um pouco mais forte. De súbito volto a ter consciência de onde estou. Olho para os lados e vejo os companheiros seguindo em ritmo cadenciado. Estão viajando.
São dias assim que me tranquilizam. São oportunidades de desfrutar lugares e pessoas com o poder de instigar a imaginação, e garantem que não entrarei em desespero com o moderno e civilizado estresse urbano durante o resto da semana. 

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Balizamento Náutico: Sinais de Perigo Isolado e de Águas Seguras

À Leste do Forte da Laje tem uma bóia de Perigo Isolado. Ela fica bem em cima de um parcel que oferece risco aos navios entrando pela via de acesso ao porto do Rio, nesse ponto indicado pelo farolete do Forte da Laje (verde) e pelo da Fortaleza de Santa Cruz (encarnado). Indica o ponto onde as embarcações vindas pelo canal da Cotunduba devem guinar para esquerda (bombordo).
Uma bóia de Águas Seguras está colocada à Sudoeste da Ilha da Cotunduba. Indica na prática o início do canal dragado entre a ilha e a costeira da Ponta do Leme e do Pão de Açúcar. Vindos do mar, os navios deixam essa bóia por boreste.




Fonte: DHN; Navegue Tranquilo; Navegar é Fácil

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Lais de Guia: passo a passo

O lais de guia é o nó mais usado, tamanha sua versatilidade. O interessante é que dá pra fazer alças de qualquer tamanho, o que é muito útil em certas situações. Por exemplo: se amarramos, com um nó qualquer, os caiaques na corda que pende da ponte do Forte da Laje na maré alta, podemos, na hora de ir embora, não alcançar com facilidade o nó quando a maré vaza. Com o lais de  guia dá pra fazer uma alça bem grande de forma a manter o nó mais próximo das mãos na hora de desatar. Também serve pra amarrar âncoras, poitas e muito mais. Tem gente dizendo que amarra até o cadarço do sapato com lais de guia. Será?

para aprender a fazer outros nós, veja
http://www.guiadenos.com.br/

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Vento que leva e traz

Manhã fria. Feriado de tempo encoberto como todo dia de finados. Soprava um NE fraco lá de Boa Viagem, daí a inspiração do destino.  Águas claras, muito lixo na superfície, ondas de Sul. 
Eu, Edu, Leo e Érika fizemos uma rápida travessia dos 6 km que separam a Urca de Boa Viagem. As ondinhas de sul até que deram um surfizinho modesto mas divertido.
Sol, calorzinho, aterragem, lanche e fotos. Passamos tempo suficiente pro vento virar pra SW trazendo o ar do oceano. Volta contra o vento, mas sem perrengue. No caminho, um amontoado de lixo e uma sandália à deriva. Na chegada, abraços de muitos braços, de braços amigos. Coisa boa!


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Em algum lugar

Passeio pelos mares de Itacuruçá num fim de semana chuvoso. 9 km pra ir até a Ilha do Vigia Grande, 13 para voltar dando a volta em Jaguanum e passando pela Ilha Bonita. No meio disso, uma noitada de pizza, vinho e partidas de dominó.
Saímos do Rio sexta à noite pra pernoitar na casa do Gustavo em Muriqui. Os carros foram deixados no final de uma estrada, daí seguimos 200 metros pela linha do trem carregando as tralhas. Antes de dormir, tomamos umas pingas e preparamos o Caiaque do Daniel que precisava de umas alças para as amarras de convés. Essa parte foi resolvida satisfatóriamente usando durepoxi.
De manhã tomamos café e nos arrumamos sem pressa. Só zarpamos às 9:20.

Felipe capotou logo de cara espalhando as coisas da cabine. Foi prontamente socorrido pelo Spock que fez um resgate em T irrepreenssível.
Depois disso a travessia prosseguiu sem surpresas. Com uma hora e meia de remada desembarcamos numa pequena praia na Ilha do Vigia Grande.
Encontramos um local propício pro nosso acampamento logo acima do barranco que dá na prainha. Um cimentado, onde deve ter havido uma casa, foi providencial, pois choveu o tempo todo, e com o toldo aberto tivemos um belo abrigo coletivo fora da lama.
Na manhã seguinte, depois do café, partimos para contornar a Ilha de Jaguanum e explorar um pouco mais a região. Paramos numa língua de areia entre as Ilhas Bonita e Bonitinha para fazer um lanche e em seguida zarpamos novamente. Dessa vez seguimos direto para Muriqui, onde encerramos nosso belo passeio.
No final das contas, tudo correu muito bem, apesar da chuva. Só faltava arrumar as tralhas e voltar pro Rio, onde chegamos já de noite.
Fica então registrado meus agradecimentos ao Spock e a Ana pela acolhida na simpática casa a beira mar, e, também, aos demais membros da trupe pela agradável companhia.  Espero ter outras oportunidades como essa. 
Um grande beijo.