Intermediários

Processos, ferramentas e ambientes para objetivos subjetivos

O que é invisível a nós? Que coisas escapam aos cinco sentidos, que estão presentes mas não podem ser definidas? Ou seria a pergunta, o que é o invisível?

Um objeto é comum. Porém quando é portador de um poder, o que passa a ser? Um talismã, uma arma, um instrumento? O poder transforma o objeto em um veículo, uma ferramenta que permite ao seu operador realizar o objetivo proposto. Igualmente, uma área quando designada e delimitada passa a ser o espaço que possibilita o acontecimento do objetivo proposto. E interessam também os espaços de fronteiras pouco definidas, como são os espaços emocionais e espirituais, da mesma forma os dos sonhos e os das fantasias. Espaços estes que são abstratos e impalpáveis, que se permeiam e se confundem entre si, onde entramos e de onde saímos constantemente sem nos dar conta.

Os objetos-espaços atuam entre o físico, o psicológico, o emocional e o invisível. São intermediários e como tal passam a depositários de possibilidades, poderes e anseios. Pontuam o silêncio. São ações poéticas que existem no vazio entre as continuidades.

Rodrigo Cardoso, 2006



sábado, 14 de agosto de 2010

Da Ilha das Folhas até a Urca

Os menos de 500 metros que separam a Ilha das Folhas de Paquetá foram cobertos num piscar de olhos. As condições meteorológicas pareciam ideais: dia ensolarado, céu azul claro e nada de vento.
Desembarque rápido na praia na face sul do Morro da Cruz e logo estávamos no Parque Darke de Matos para deixar nosso lixo numa caçamba. Aproveitamos para dar uma volta e conhecer o lugar.
O parque é lindo e bem cuidado, pelo menos foi a impressão que tivemos ao caminhar por suas veredas. Passando pelo túnel que atravessa o Morro da Cruz chega-se a um belo jardim com muitas árvores de sombra convidando para um descanço sobre  grama. Mas ainda faltavam 20km para chegar ao Rio. Não tardamos por alí.


Com proas apontadas para a Ilha da Casa de Pedras, distante pouco mais de 3km, no arquipélago das Jurubaíbas, demos as primeiras remadas às 8:55. O percurso contornou a casa da pedra e nos levou até uma praia na Ilha do Ferro, onde descemos às 9:25. Tudo anotado no trip planner que a Flávia me deu de presente.



Pregada numa amendoeira uma placa pedia cuidado com a baía. Confortador saber que tem mais gente preocupada com a preservação das nossas beiradas. Saímos andando pela muralha que cerca a ilha e depois entramos no mato até onde estão dois cilindros metálicos enferrujados.



Perto deles ainda restam as ruínas de duas casas e um pouco mais distante, a oeste, tem uma praia de cascalhos que dá vista para a Ilha do Governador. A leste, um cais de concreto ainda está de pé.  


Olhei em volta procurando a Ilha Comprida. Estava confuso porque não conseguia vê-la, mas de repente me dei conta que ela estava bem na minha frente, completamente descaracterizada pela presença de imensos cilindros e balões. Por isso não reconheci: há dois anos era só uma ilha abandonada, hoje está tomada pelo canteiro de obras do Terminal Aquaviário da Ilha Comprida que a Petrobrás está construindo para aumentar a oferta de gás natural . É nisso que dá termos tanta necessidade de combustível. Um lugar que poderia servir para o lazer do povo flutuante está se transformando num imenso depósito de GLP onde a entrada e permanência é proibida.
A primeira foto é de 2008.

Voltamos pra água para ver de perto o estrago. Eram 9:50. Além dos reservatórios fizeram uma ponte ligando a Ilha Comprida ao terminal da Ilha Redonda, um prédio e uma torre ainda cercada de andaimes. Um guindaste esperava a segunda-feira pra continuar seu trabalho.

Confesso que fiquei chocado com o que vi. Não sou contra o progresso, mas ver aquela ilha tomada por instalações petrolíferas me causou certo mal-estar. Não adianta chorar, tudo tem um preço.


Saimos logo dalí para mais uma braçada de 8km até a ponte. Passamos novamente pela área de fundeio dos navios e paramos no vão central às 10:45 para esperar a galera que ia participar de uma barqueata em defesa da Baía de Guanabara. Se vissem o que vimos lá atrás ficariam horrorizados.


Um telefonema para a Flávia nos colocou a par que a intenção dos manifestantes não era passar pela ponte, mas sim seguir da Ilha de Vilegagnon direto para Charitas. Partimos para a Escola Naval depois de comer o resto das mariolas, jujubas e biscoitos do farnel.


Às 12:00 encontramos Flávia, Haroldo, Tarcísio e Marcão ao lado da EN. Esperamos passar a barqueata e continuamos na direção da Praia da Urca. Infelizmente não encontramos a galera do CRG que havia nos chamado para participar do evento.
Daí pra frente navegamos em mar conhecido, mas era preciso andar rápido pra não deixar os ventos fortes anunciados nos pegarem no meio do caminho.



Desembarcamos na PU às 12:40, tiramos umas fotos e iniciamos a faina habitual. Quando os caiaques descansavam no cavalete, pegamos umas cervejas e ficamos conversando, lembrando os acontecimentos até que fomos embora pra casa, contentes com o êxito da excursão, com a estréia do Caranguejo e com as descobertas realizadas nos confins da Baía de Guanabara.

De dentro do carro ainda deu pra ver as árvores balançando com o vento forte que entrou firme.


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