Os menos de 500 metros que separam a Ilha das Folhas de Paquetá foram cobertos num piscar de olhos. As condições meteorológicas pareciam ideais: dia ensolarado, céu azul claro e nada de vento.
Desembarque rápido na praia na face sul do Morro da Cruz e logo estávamos no Parque Darke de Matos para deixar nosso lixo numa caçamba. Aproveitamos para dar uma volta e conhecer o lugar.
O parque é lindo e bem cuidado, pelo menos foi a impressão que tivemos ao caminhar por suas veredas. Passando pelo túnel que atravessa o Morro da Cruz chega-se a um belo jardim com muitas árvores de sombra convidando para um descanço sobre grama. Mas ainda faltavam 20km para chegar ao Rio. Não tardamos por alí.
Com proas apontadas para a Ilha da Casa de Pedras, distante pouco mais de 3km, no arquipélago das Jurubaíbas, demos as primeiras remadas às 8:55. O percurso contornou a casa da pedra e nos levou até uma praia na Ilha do Ferro, onde descemos às 9:25. Tudo anotado no trip planner que a Flávia me deu de presente.
Pregada numa amendoeira uma placa pedia cuidado com a baía. Confortador saber que tem mais gente preocupada com a preservação das nossas beiradas. Saímos andando pela muralha que cerca a ilha e depois entramos no mato até onde estão dois cilindros metálicos enferrujados.
Perto deles ainda restam as ruínas de duas casas e um pouco mais distante, a oeste, tem uma praia de cascalhos que dá vista para a Ilha do Governador. A leste, um cais de concreto ainda está de pé.
Olhei em volta procurando a Ilha Comprida. Estava confuso porque não conseguia vê-la, mas de repente me dei conta que ela estava bem na minha frente, completamente descaracterizada pela presença de imensos cilindros e balões. Por isso não reconheci: há dois anos era só uma ilha abandonada, hoje está tomada pelo canteiro de obras do Terminal Aquaviário da Ilha Comprida que a Petrobrás está construindo para aumentar a oferta de gás natural . É nisso que dá termos tanta necessidade de combustível. Um lugar que poderia servir para o lazer do povo flutuante está se transformando num imenso depósito de GLP onde a entrada e permanência é proibida.
A primeira foto é de 2008.
Voltamos pra água para ver de perto o estrago. Eram 9:50. Além dos reservatórios fizeram uma ponte ligando a Ilha Comprida ao terminal da Ilha Redonda, um prédio e uma torre ainda cercada de andaimes. Um guindaste esperava a segunda-feira pra continuar seu trabalho.
Confesso que fiquei chocado com o que vi. Não sou contra o progresso, mas ver aquela ilha tomada por instalações petrolíferas me causou certo mal-estar. Não adianta chorar, tudo tem um preço.
Saimos logo dalí para mais uma braçada de 8km até a ponte. Passamos novamente pela área de fundeio dos navios e paramos no vão central às 10:45 para esperar a galera que ia participar de uma barqueata em defesa da Baía de Guanabara. Se vissem o que vimos lá atrás ficariam horrorizados.
Daí pra frente navegamos em mar conhecido, mas era preciso andar rápido pra não deixar os ventos fortes anunciados nos pegarem no meio do caminho.
De dentro do carro ainda deu pra ver as árvores balançando com o vento forte que entrou firme.
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