Intermediários

Processos, ferramentas e ambientes para objetivos subjetivos

O que é invisível a nós? Que coisas escapam aos cinco sentidos, que estão presentes mas não podem ser definidas? Ou seria a pergunta, o que é o invisível?

Um objeto é comum. Porém quando é portador de um poder, o que passa a ser? Um talismã, uma arma, um instrumento? O poder transforma o objeto em um veículo, uma ferramenta que permite ao seu operador realizar o objetivo proposto. Igualmente, uma área quando designada e delimitada passa a ser o espaço que possibilita o acontecimento do objetivo proposto. E interessam também os espaços de fronteiras pouco definidas, como são os espaços emocionais e espirituais, da mesma forma os dos sonhos e os das fantasias. Espaços estes que são abstratos e impalpáveis, que se permeiam e se confundem entre si, onde entramos e de onde saímos constantemente sem nos dar conta.

Os objetos-espaços atuam entre o físico, o psicológico, o emocional e o invisível. São intermediários e como tal passam a depositários de possibilidades, poderes e anseios. Pontuam o silêncio. São ações poéticas que existem no vazio entre as continuidades.

Rodrigo Cardoso, 2006



domingo, 8 de agosto de 2010

Da Praia da Urca até a Ilha das Folhas em Paquetá

Bruno, Marquinhos e Tonho fecharam com a ideia de fazer uma travessia até Paquetá. Já estava sentindo falta de fazer uma viagem de caiaque e acampar em algum lugar no meio do mar. Saudades do silêncio, da distância.
Numa reunião na casa do Bruno fizemos um roteiro, acertamos alguns detalhes sobre materiais e verificamos a meteorologia. O percurso teria 28 km e seria feito até a Ilha das Folhas em dois caiaques duplos. A previsão era favorável, apesar de anunciar ventos fortes de NW no domingo, quando estaríamos retornando.
Sábado, dia 31 de julho, nos encontramos na PU às 6:00 e iniciamos os preparativos. Deborah também chegou cedo para aprontar sua canoa para um passeio até as Cagarras.
Colocamos os caiaques na água às 7:25 e seguimos direto para Gragoatá com a bússola marcando 50°. Esse primeiro trecho foi feito rapidamente para passar o menor tempo possível no canal de navegação do porto do Rio. A visibilidade era boa, o mar estava liso e não tinha quase nenhum vento, mas não convinha facilitar.

Eu e Tonho fizemos bem a travessia, apesar de ser a primeira vez juntos num caiaque e da minha falta de costume de remar um barco com leme.


Depois de uma pausa em frente ao Forte de Gragoatá rumamos para a ponte, bússola a 15°. Às 9:05, paramos ao lado do pilar 114 para tirar algumas fotos, mas logo recomeçamos. Passamos perto dos navios da Marinha atracados no cais de Mocanguê e com uma guinada de 25° a boreste as proas foram colocadas na direção da Ilha Jurubaíba.

Remamos num mar viscoso cheirando a óleo, passando por vários navios fundeados. Finalmente, às 10:30, desembarcamos numa das praias da Jurubaíba, completando 18 km de remada. Bebemos algumas cervejas papeando e observando as instalações da Petrobras na Ilha Redonda.



Às 11:10 retomamos nosso caminho que deveria nos levar até a casa da Luz del Fuego nas Tapuamas de Dentro, mas a rota foi desviada para as Tapuamas de Fora onde existe um pequeno manguezal. Em poucos minutos estávamos brincando entre as ilhas até que encalhamos numa pedra submersa. A mesma sorte tiveram nossos companheiros do outro caiaque. Fomos obrigados a desmontar para livrar os cascos, que felizmente não sofreram nenhuma avaria.

Descemos numa ilhota para conhecer um pouco o local e admirar a paisagem do Rio com a Ilha do Braço Forte em primeiro plano. A essa altura já tínhamos passado mais tempo parados do que remando. Pensamos em ir direto para Paquetá mas não dava pra não passar nas Tapuamas de Dentro, visitar as ruinas da casa da Luz del Fuego na Ilha do Sol. Vale conhecer a história dessa bailarina, naturista, feminista, vegetariana, que se apresentava seminua com cobras enroladas no corpo, escandalizando a sociedade carioca nos anos 50.


A pernada seguinte começou às 13:00. Seria até a Ponta da Ribeira,  mas logo depois de passar pela Ilha Espera Maré os caiaques foram redirecionados para a Praia da Imbuca. Daí seguimos costeando a Ilha no sentido anti-horário. Passamos pelo cais do relógio da Mesbla, dobramos a ponta da Ribeira, passamos em frente do Iate Clube e da estação das barcas. Vimos de longe a Igreja Bom Jesus do Monte e em seguida viramos as Pontas do Castelo e do Lameirão ziguezaguenado entre as dezenas de pedras espalhadas no caminho.

Após passar diante da Praia de São Roque, nossas proas foram embicadas para a Ilha do Brocoió onde fica a casa de veraneio do Governador do Estado. Uma mansão magnífica em estilo normando, cercada de jardins bem cuidados e com uma praia particular. Ficamos parados boiando em frente ao cais de pedra decorado por um alto relevo com a imagem de Netuno(?) até que a fome nos fez partir de vez para a Ilha das Folhas.




Eram 14:15 quando os caiaques tocaram as areias grossas da minuscula praia. A Ilha das Folhas fica perto da Ponta da Cruz. É uma pequena ilha com alguns arbustos que naquela hora não ofereciam abrigo do sol. Estava tudo sujo. Plásticos, madeiras, galhos e entulho enfeiavam  o ambiente. A água do mar também não estava nada convidativa.



Descarregamos as tralhas, nos instalamos à sombra de uma pedra e preparamos o rango, logo devorado. Depois, com a mudança da posição do sol, nos transferimos para a sombra de uma outra pedra.
Foi nesse momento que fizemos contato com a primeira ratazana local. Um Rato! Todos a postos! Não estávamos sozinhos. Teríamos companhia durante a noite.

3 comentários:

  1. Muito bom... ainda visito Luz del Fuego concê. Saudades dos teus relatos e de estar junto!
    Beijos

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  2. Olhando no wikipedia fiquei sabendo que a Ilha do Sol foi sede do primeiro clube de naturismo do Brasil. Na proxima vez vamos ter que tirar a roupa antes de desembarcar.

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  3. A Baía da Guanabara é lindíssima, pena que os governos nunca investiram nessa maravilha, limpando-a e evitando poluição vinda dos mananciais e cidades vizinhas. Parabéns pelas belas fotos e sugeriria que pusesse legendas para sabermos onde é cada um desses belos lugares que visitou.

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