Intermediários

Processos, ferramentas e ambientes para objetivos subjetivos

O que é invisível a nós? Que coisas escapam aos cinco sentidos, que estão presentes mas não podem ser definidas? Ou seria a pergunta, o que é o invisível?

Um objeto é comum. Porém quando é portador de um poder, o que passa a ser? Um talismã, uma arma, um instrumento? O poder transforma o objeto em um veículo, uma ferramenta que permite ao seu operador realizar o objetivo proposto. Igualmente, uma área quando designada e delimitada passa a ser o espaço que possibilita o acontecimento do objetivo proposto. E interessam também os espaços de fronteiras pouco definidas, como são os espaços emocionais e espirituais, da mesma forma os dos sonhos e os das fantasias. Espaços estes que são abstratos e impalpáveis, que se permeiam e se confundem entre si, onde entramos e de onde saímos constantemente sem nos dar conta.

Os objetos-espaços atuam entre o físico, o psicológico, o emocional e o invisível. São intermediários e como tal passam a depositários de possibilidades, poderes e anseios. Pontuam o silêncio. São ações poéticas que existem no vazio entre as continuidades.

Rodrigo Cardoso, 2006



terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Circunavegação da Ilha Grande 2011 - De Dois Rios à Parnaioca passando por Jorge Grego


 
Dia 4, segundo dia de expedição.
Difícil foi tirar o pessoal da cama. Na véspera chegamos a considerar 7 horas um bom horário de partida, ainda que, na realidade, não estivessemos contando muito com isso. Se conseguissemos zarpar às 10 já seria muito bom.
A casa estava uma desordem só. Depois de tomar café e arrumar as tralhas, demos uma geral nos quartos e nos banheiros para não deixar má impressão.

O tempo passava e nada de ficarmos prontos.  Até yoga as meninas entraram numa de fazer. Já estava desistindo de passar na Ilha de Jorge Grego quando ao meio dia os barcos foram lançados ao mar de um ponto da praia onde as ondas estavam mais baixas.

 
Renata, Gustavo, Eduardo Pastusiak e as Catitas seguiram direto para Parnaioca. O mar ainda estava agitado. Chovia e ventava como no dia anterior. Cousteau foi conduzido por entre as vagas tendo Bruno, Marquinhos, Lariana, Tonho e Edu Feijó no campo visual.

Não sabíamos onde estava Volney nem a canoa dupla com Teté e Deborah. Não duvidei que as abusadas estariam nos esperando em Jorge Grego, mas seguia olhando em volta tentando localizá-las.
Em 50 minutos entramos na enseada que fica na face oeste da ilha e logo avistamos as meninas. Volney já havia desembarcado e colocado seu caiaque sobre uma pedra.
- Teté, você disse pra gente esperar e terminou vindo na frente, né? Vocês são mesmo abusadas!
- Ah... Vocês estavam demorando muito!
Ficamos fundeados aproveitando o mar tranquilo do nosso refúgio.

Mas de repente sentimos o vento mudar e decidimos partir. Bruno puxou a âncora e o que subiu foi o cabo puro, só com a corrente na ponta, a âncora ficou lá no fundo. Tentando recuperá-la Bruno sentiu um estalo no ouvido e veio a tona meio desnorteado. Era mesmo hora de partir, uma tempestade se aproximava.
A Ponta do Guriri já estava invisível por causa da chuva e do nevoeiro. Trovejava. Tive medo que alguém fosse atingido por um raio. Apertamos a remada na tentativa de escapar do temporal, mas não teve jeito.

A primeira pancada bateu forte, zerando a visibilidade. Estávamos 3 km distantes da costa da Ilha Grande e não se via nada. Nos orientamos pela direção das ondas que vinham pela aleta de boreste. Depois da primeira pancada, outras duas cairam em pequenos intervalos. Entre uma e outra pudemos ver terra e seguir viagem em relativa segurança. Às 15:45 demos a última deslizada até tocar a areia de Parnaioca. O resto da galera que estava em Jorge Grego ainda subiu rio acima, até onde dava.
Era tarde. O acampamento foi montado. Logo nos reuniríamos debaixo de um toldo, protegidos da chuva, para uma longa cantoria embalada pelos violões da dupla de bardos Edu e Tonho. A noite era uma criança e o dia seguinte ainda nos reservaria muitas surpresas.

"Nem mulher nem criança..."

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