Ainda estamos na primavera, mas o sol é de verão. Nem precisava remar 10 km com todo gás pra perceber como o dia estava quente. Foi nesse calor absurdo que aconteceu a Rio Va'a 2010. A Praia Vermelha estava cheia de gente e de canoas colorindo as areias. Tendas armadas, mesa de frutas, vai-e-vem de várias tribos.
A disputa das oc 6 femininas era acompanhada através das informações dos alto falantes. A chegada da canoa das meninas do PVV, que ficou com o ouro, foi muito festejada, afinal, quem frequenta a PV nas manhãs das terças e quintas sabe o quanto se esforçaram durante o ano para fazer uma equipe campeã.
Depois de um abraço na Carlinha, Letícia, Teté, Mari, Tiça e Andréia foi hora de ir pra Urca encontrar Bruno, Marquinhos e Tonho para pegar dois caiaques duplos do CCC. Não havia a menor possibilidade de levar de carro por causa do engarrafamento, então colocamos os barcos na água e seguimos remando.
No trajeto até a PV nos demos conta que o bicho ia pegar quando fosse dada a largada da nossa classe, pois as ondas gigantes no mar anárquico e o vento de leste não dariam trégua aos remadores. Na verdade parecia que os elementos tinham combinado de dar uma surra em quem se aventurasse pela boca da barra naquela tarde.
De qualquer forma não tinha mais jeito. Era remar ou remar. E remamos. Quando entramos na enseada da PV as oc 1 masculinas já vinham em disparada em nossa direção. Que mar é esse minha gente? As canoas avançavam com seus remadores enlouquecidos tentando se equilibrar driblando as ondulações frenéticas. Tinha até canoa andando de ré.
Desembarcamos com cuidado evitando provocar um acidente com banhistas que pareciam não entender bem o que estava acontecendo. Às 15 e tal foi a vez dos caiaques largarem em disparada. Nessa hora o mar estava no seu momento crítico. A espera já foi tensa. Era difícil manter o caiaque alinhado diante dos açoites da ondas que insistiam em nos arrastar de volta à praia. Tonho se agarrou à bóia.
Enfim largamos. Bruno e Marquinhos meteram o braço seguidos por Biga e Edson. Eu e Tonho víamos nossa proa levantar na altura do céu pra em seguida mergulhar no verde do mar. Nosso caiaque se fazia de brinquedo nas mãos das forças da natureza. A água cobria o convés sem parar, inundando mais e mais a cabine. Mal viramos o Pão de Açúcar e paramos pra tirar água.
Definitivamente a estratégia de beirar a costeira não foi uma boa. No meio da confusão das ondulações o caiaque parecia um prego fincado na água. Mesmo no trajeto até o Cara de Cão, com ondas batendo na aleta direita, parecia que o barco não andava. A coisa só melhorou quando entramos na enseada de Botafogo. Nesse trecho andamos relativamente bem, mas já não dava pra alcançar nossos camaradas. Com a bóia do santinho contornada, nosso ultimo sopro de coragem veio dos gritos da Andréia que a essa altura bebia um chope na mureta em frente ao Bar Urca.
Vamo caranguejo! Vamo Caranguejo! A ideia de um chope manteve nosso animo até passar pela pedra da coruja. Dalí em diante foi como entrar no inferno. Era porrada na cara, uma atrás da outra. A ventania desvairada levantava ondas monstruosas. Pra piorar, toda hora um lixo prendia no leme. Aliás nem sei pra que servia o leme, pois o caiaque bailava ao sabor das ondas, hora de frente, hora de lado, hora nem sei de onde vinham, tamanha brutalidade do mar. Brutalidade de tudo: de vento, de onda, de sol... O que que eu tô fazendo aqui? Essa é a pergunta padrão nessas horas de sufoco. Não tinha oração nem reza que desse conta de tamanha barbaridade. A paisagem impressionante até merecia contemplação, mas quem disse que era possível? E mesmo que fosse... Queria sim fechar os olhos e acordar na minha cama no ar condicionado. Socorro!
Passamos por fora fora da laje vendo os dentes do mar prontos pra fazer de nós seu petisco. Via a garganta daquele monstro querendo nos engolir. Urrava. Mas a praia se aproximava. Tá acabando, tá acabando. Acabou!
Finalmente chegamos, em ultimo lugar, mas chegamos. E como só tinham 3 caiaques na disputa, ficamos com o bronze. Bruno e Marquinhos pegaram prata , Edson e Biga, ouro.
Vamos combinar: valeu. Sempre vale, mesmo depois de tanta brutalidade. Se o sol continuava firme e forte a torrar meus miolos, pelo menos agora podia descer uma cerveja e fingir que não tinha sido nada. Só que ainda faltava levar os caiaques de volta pra Urca. É... voltamos pros dentes do mar. Ai ai ai ui ui, ai ai ai ui ui, tralálálálálálálá...
Amei o relato e as fotografias! Adorooo! Rodrigão, aquele mar não foi mesmo para qualquer um, nem mesmo quem está ali quase todos os dias se livraria do sacode! Suas fotos dão a dimensão exata do desafio! Que leste foi aquele? Parabéns pela prova e pela postagem! Beijos da tua fã número 1, ops desculpe Kiki, da sua fã número 2! :)
ResponderExcluirRodrigoooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluiradorei!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
sufoco, sufoco, mas depois tudo vale a pena!!!!!!!!!!!!!
Bjo
Teté
amei as fotos.
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